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Quem quer a destruição do ginásio do Ibirapuera? Eu não… e você?

Raquel Rolnik

04/12/2020 12h15


Nesta segunda-feira (30), o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo, o Condephaat, rejeitou pedido de abertura de processo de tombamento do Ginásio do Ibirapuera. O pedido do estudo de tombamento foi uma das frentes mobilizadas para impedir a demolição do Ginásio do Ibirapuera e o Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, demolição essa que acontecerá para dar lugar a uma arena multiuso que ocupará um espaço, antes público, com eventos e atividades comerciais; e que, juntamente com a construção de uma torre comercial onde hoje é o complexo aquático, vai compor área a ser explorada pela iniciativa privada a fim de viabilizar a lucratividade de seus negócios. O edital já foi lançado, e a expectativa é de que o concessionário seja escolhido em fevereiro, de acordo com a Folha de S.Paulo.

O questionamento desta concessão e suas estratégias tem vindo de várias frentes de moradores da cidade.

  • Abaixo-assinados juntaram atletas, ex-atletas e moradores da cidade que usam o ginásio e que expressam relações afetivas, de memória coletiva, com ele.
  • Professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP elaboraram um manifesto no qual expõem de maneira clara todos os atributos que fazem deste complexo um lugar central na história da arquitetura — e urbanismo — da cidade e do país.
  • Ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico (Condephaat), que rejeitou o pedido de tombamento, havia sido elaborado um parecer que demonstra todos os argumentos técnicos no âmbito do patrimônio histórico para a abertura do estudo de tombamento, feito por Renato Anelli, representante do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) no Conselho. Lembremos que este parecer foi rejeitado em meio a um contexto criado em 2019, quando o governador do estado alterou a composição do Conselho, garantindo seu controle político, e, evidentemente, esvaziando este espaço como lugar de decisão para além do próprio governo.
  • Vários comentaristas, como o jornalista Juca Kfouri (São Paulo regride aceleradamente), o arquiteto e urbanista Nabil Bonduki (São Paulo não precisa de mais um shopping em área pública), e o também arquiteto e urbanista Silvio Oksman (O futuro do conjunto esportivo do Ibirapuera) denunciaram de forma clara os absurdos contidos neste projeto.

Um abraço-protesto no Ginásio está convocado para o próximo domingo (06/12), às 9h da manhã. Ali, você que ama o Ibirapuera, que acredita que a dimensão pública (leia-se não de governos, mas do povo, comum a nós) é mais importante que os negócios privados, tem também uma oportunidade de expressar a rejeição a esta ideia. #abraceoibirapuera

André Rieu no Ginásio do Ibirapuera, 2012. Foto: Reprodução/ Vídeo de Gustavo Fumero no Youtube.

Foto: Gabriel Cabral / reprodução Folhapress

Foto: Reprodução/ Governo do estado de São Paulo

Cartões-postais. Reprodução/ Blog Sampa Histórica

 

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Sobre a autora

Raquel Rolnik é arquiteta e urbanista, é professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Foi diretora de planejamento da Secretaria Municipal de Planejamento de São Paulo(1989-92), Secretária Nacional de Programas Urbanos do Ministério das Cidades (2003-07) entre outras atividades ligadas ao setor público. De 2008 a 2014 foi relatora especial da ONU para o Direito à Moradia Adequada. Atuou como colunista de urbanismo da Rádio CBN-SP, Band News FM e Rádio Nacional, e do jornal Folha de S.Paulo, mantendo hoje coluna na Rádio USP e em sua página Raquel Rolnik. É autora, entre outros, de “A cidade e a lei: legislação, política urbana e territórios na cidade de São Paulo” (Studio Nobel, 1997), “Guerra dos lugares: a colonização da terra e da moradia na era das finanças (Boitempo, 2016) e “Territórios em Conflito - São Paulo: espaço, história e política” (Editora três estrelas, 2017).